Em meio à crescente preocupação com a sustentabilidade e a preservação dos recursos naturais, um alerta vem chamando atenção no Brasil: a escassez de água. Um levantamento recente da The Nature Conservancy Brasil, intitulado “A Percepção dos Brasileiros sobre Segurança Hídrica”, revela que quase seis em cada dez brasileiros (58%) estão alarmados com a falta de água. O estudo sugere ações simples, mas impactantes, como reduzir o tempo de banho, economizar água ao lavar louças e reutilizar a água da máquina de lavar, para combater o desperdício.
Samuel Barrêto, gerente nacional de Sistemas de Água e Alimentos da organização, acredita que a real preocupação da população pode ser ainda mais significativa do que os dados mostram. Ele enfatiza a importância das ações individuais, argumentando que até mesmo economias modestas, como diminuir o tempo de banho, podem ter um impacto considerável quando aplicadas em larga escala.
O estudo aponta o consumo exagerado e o desperdício de água como os vilões principais, identificados por 27% dos entrevistados. As mudanças climáticas também são um fator relevante, segundo 21% dos participantes. Curiosamente, a pesquisa indica uma variação na percepção sobre as causas da escassez de água conforme a idade, classe social e nível de educação dos entrevistados, sugerindo uma consciência maior sobre a gestão ineficaz dos recursos hídricos entre os mais educados.
Barrêto expressa preocupação não apenas com o gerenciamento inadequado dos recursos hídricos, mas também com a falta de investimento público e a necessidade de campanhas de conscientização mais eficazes. Ele defende uma transição da conscientização para a prática, destacando a importância de ações coletivas e a responsabilidade do governo e das empresas no cuidado com as bacias hidrográficas.
Apesar de 75% dos respondentes afirmarem fazer uso consciente da água, apenas uma pequena fração (12%) participa de iniciativas coletivas com esse propósito. Essa discrepância ressalta a necessidade de um engajamento maior em ações comunitárias e de uma cobrança mais efetiva por parte da sociedade em relação às políticas públicas e práticas empresariais sustentáveis.