No ano passado, o Brasil testemunhou um salto impressionante de 19,6% nos investimentos em infraestrutura, alcançando a cifra de R$ 213,4 bilhões. Esse aumento posiciona os investimentos no setor no patamar mais alto dos últimos nove anos, aproximando-se do recorde estabelecido em 2014. Esse cenário reflete os esforços combinados do setor privado e do governo. No entanto, apesar desse progresso significativo, a realidade ainda se mostra desafiadora. Segundo análises da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), o volume atual de investimentos ainda está aquém do ideal. Para realmente superar os obstáculos estruturais do país, seria necessário elevar o investimento para 4,31% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, adicionar quase R$ 250 bilhões ao que já foi investido.
Venilton Tadini, o presidente da Abdib, ressalta que entre os principais segmentos de infraestrutura — transportes e logística, energia elétrica, telecomunicações e saneamento —, os dois primeiros requerem atenção especial devido ao seu nível de investimento ainda considerado insuficiente. A situação desses segmentos contrasta com a de energia elétrica e telecomunicações, que já desfrutam de um engajamento mais robusto do setor privado.
A predominância do setor privado nos investimentos em infraestrutura fica evidente, representando cerca de 78% do total investido em 2023. Ainda assim, Tadini celebra o retorno do governo ao campo dos investimentos, especialmente em rodovias, após mudanças nas regras fiscais permitirem um maior aporte de recursos públicos nessa área.
Os investimentos governamentais em infraestrutura viram um crescimento de 44,1% em relação a 2022, somando R$ 47,7 bilhões, enquanto os aportes privados atingiram R$ 165,7 bilhões, marcando um aumento de 14%. Esse equilíbrio entre participações ressalta a importância de ambos os setores na construção de uma infraestrutura mais robusta e eficiente.
Fernanda Schwantes, da Confederação Nacional do Transporte (CNT), aponta que para modernizar apenas as rodovias brasileiras seriam necessários investimentos da ordem de R$ 220 bilhões. Ela enfatiza a necessidade de um esforço conjunto entre governos federal, estaduais e municipais, e a indispensável participação do setor privado para alcançar um nível satisfatório de infraestrutura, especialmente no segmento de transportes e logística.
A busca por soluções inovadoras, como as debêntures de infraestrutura recentemente regulamentadas pelo governo, e o papel dos investidores estrangeiros e institucionais são vistos como fundamentais para fechar o gap de investimentos. Esse conjunto de esforços sinaliza um caminho promissor para o futuro da infraestrutura brasileira.
Com expectativas otimistas para 2024, a Abdib projeta um aumento de 10% nos investimentos em infraestrutura. Se confirmadas, essas expectativas marcarão o maior volume de investimentos no setor desde o início da série histórica da entidade, sinalizando um avanço significativo na superação dos desafios estruturais do Brasil.