Desemprego pode dobrar e chegar a 23,8% no Brasil

O Brasil pode ver o número de desempregados dobrar e chegar a 23,8% se o governo não ampliar os mecanismos de transferência de renda para a população. Essa é a conclusão de um estudo do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), divulgado neste domingo, 12/04, pelo jornal Folha de São Paulo. Antes do início da crise do coronavírus, a taxa de desemprego nacional era de 11,6%.

No prognóstico mais provável, o Produto Interno Bruto (PIB) do país sore retração de 3,4%. As horas trabalhadas caem 6,7% e há perda de aproximadamente 6 milhões de empregos.

Na previsão mais pessimista é que o percentual de desempregados subiria para 23,8%, com retração de 7% do PIB, queda de 13,8% da massa salarial e redução de 13,5% da massa ocupada. O que significaria um acréscimo de 12,6 milhões de pessoas na fila do desemprego.

“O choque de emprego não tem como evitar. A questão é dar compensação de renda para amenizar esse choque severo”, disse à Folha a pesquisadora Silvia Matos, que participou da pesquisa.

Mais ajuda

O governo federal já anunciou um total de R$ 170 bilhões em medidas para garantir renda extra a trabalhadores formais e informais. São elas: auxílio financeiro para informais (coronavoucher), ampliação do Bolsa Família, programa antidesemprego (redução proporcional de salários e jornada) e transferências de PIS/Pasep para o FGTS. Mesmo assim, a massa salarial deve cair 5,2%. Sem as providências, a queda já seria de 10,3%.

As medidas, porém, precisam ser ampliadas. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística), a renda média do trabalhador sem carteira assinada é de R$ 1.464. Menos da metade do coronavoucher – R$ 600 – ofertado pelo governo. No caso dos trabalhadores formais, o programa antidesemprego estipula compensação até o valor do seguro-desemprego, que é inferior a R$ 2.000. A média dos assalariados com carteira é de R$ 2.881.

Silva Matos disse à Folha não ser possível calcular o valor que garantiria a estabilidade da renda. Isso depende de até quando vai a crise e do perfil dos trabalhadores que vão sofrer mais. O importante nesse momento seria o governo pelo menos sinalizar que há recursos suficientes para garantir a sobrevivência das empresas e funcionários. “O empresário pode tomar a decisão de fechar seus negócios. O único capaz de dar a mínima segurança é o governo”.

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