Dificuldade de respiração, aumento da frequência cardíaca e desconforto. São alguns problemas relatados até por atletas experientes ao se exercitarem ao ar livre com máscara para diminuir o risco de contaminação pelo coronavírus.
“Eu não consegui respirar direito, pelo bloqueio da máscara. Para piorar, o suor molha o tecido e dificulta ainda mais. Parei de correr e passei a caminhar. Mesmo assim, senti muitíssima dificuldade para andar 10 minutos. Imagine aquele atleta de fim de semana?”, disse Anderson Almeida, designer, 42 anos. Ele corre regularmente, participa de maratonas e também pratica natação.
Outro que também tem enfrentado problemas é o triatleta Rafael Silva, de 35 anos. “Eu senti dificuldade de respirar e elevação da frequência cardíaca, que saiu do zona de conforto para um pico máximo em cerca de 10 minutos. Isso mesmo eu baixando a máscara a cada cinco minutos”, relatou.
Atenção e cuidados
Diante disso, o que as pessoas que gostam e precisam se exercitar devem fazer para manter a rotina de atividades sem correr risco de contrair a Covid-19?
A fisiologista do exercício, Paola Machado, recomenda atenção diante de sintomas como os relatados por Anderson e Rafael. “As pessoas que se exercitam com máscara facial podem sentir alguma resistência à respiração, dependendo da espessura do material. Por isso, se o treino parecer mais difícil que o normal, fique atento, pois a ventilação pode não estar adequada e, dessa forma, tente reduzir a intensidade do treino”, disse.
Paola Machado explica melhor uma das dificuldades reatadas por Anderson. “O exercício com uma máscara facial criará um microclima quente e úmido ao redor do seu rosto. Com esse efeito, a máscara transforma a metade inferior do seu rosto em uma “mini-sauna”, levando a um acúmulo de suor sob a máscara e a um aumento das secreções nasais”.
Diminuindo o desconforto
Colunista do blog Viva Bem, do portal Uol, Paola dá dicas de como minimizar o desconforto nos treinos. “Você pode usar um acessório específico para a prática esportiva, que tem formato tubular e pode ser usado como bandana ou para cobrir o pescoço e ser esticado sobre o nariz e a boca. Esses acessórios geralmente são feitos de tecidos sintéticos finos projetados para reduzir o acúmulo de calor e, como são abertos na parte inferior, promovem mais fluxo de ar do que as máscaras cirúrgicas comuns”, explica a fisiologista.
Paola alerta, porém, para o efeito colateral do artefato. “Devido a esse design aberto, eles também apresentam menos barreira à saída ou influxo de germes do que as máscaras cirúrgicas ou seu equivalente caseiro”.
Nada de máscaras cirúrgicas
O uso de máscaras cirúrgicas ou N-95s deve ser evitado. “Elas podem bloquear os micróbios de maneira mais eficaz, mas são quentes e ficam úmidas rapidamente durante os treinos. Isso pode fazer com que você retire o acessório no meio do treino, o que não só elimina o benefício da máscara, como aumenta o risco de tocar a boca e o nariz com a mão”.
O Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC) recomenda o uso de máscara feita com pano lavável. Atenção ao material. Deve-se evitar a confecção de máscaras caseiras com materiais que não sejam de algodão, porque podem fazer suar mais, umedecendo o tecido e, consequentemente, tornando-o mais propício para entrada do vírus.
Estou correndo pelo condomínio, mas sem máscara. Em um horário que fico sozinho. Não sei se é o correto, mas sempre haverá um risco de contágio.