Levantamento feito pelo colunista do Uol, Maurício Stycer, a partir da repercussão dos principais acontecimentos políticos recentes do país mostra: a TV Globo não ouviu alguns dos principais expoentes nacionais de oposição ao presidente Jair Bolsonaro.
Stycer analisou o Jornal Nacional e o Fantástico nas datas dos seguintes fatos: demissão de Sérgio Moro (24/04), Bolsonaro em ato pró-golpe (19/04), saída do ministro da Saúde Mandetta (16/04), presidente pedindo fim do isolamento social em cadeia nacional (24 e 25/03) e declaração de Eduardo Bolsonaro sobre a volta do Ato Institucional Número 5 (31/10/2019).
A reportagem da Globo não ouviu os presidentes Lula e Dilma Rousseff (ambos do PT), nem Michel Temer (MDP). Derrotados por Bolsonaro nas últimas eleições, Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) também não tiveram espaço nos noticiários checados por Stycer. Já os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB), três vezes, e José Sarney (MDB), uma, foram entrevistados.
Sem petistas
Nas matérias do Jornal Nacional e Fantástico pesquisadas, o PT foi representado pelos Governadores do Ceará, Camilo Santana (três vezes), e do Piauí, Wellington Dias (uma vez). O PDT, partido de Ciro, foi ouvido uma vez, através do presidente da sigla, Carlos Lupi.
“A Globo deve considerar que está dando voz aos principais campos políticos ouvindo os governadores de Estado, mas nem sempre eles são as vozes mais representativas de seus partidos, como no caso do PT”, escreveu Stycer.
O colunista constatou ainda que nenhum parlamentar do PT foi ouvido, apesar do partido ter a maior bancada na Câmara dos deputados.
Os políticos mais ouvidos pela Globo nos dias da pesquisa foram o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), e os governadores de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, respectivamente, João Dória (PSDB), Wilson Witzel (PSC), Eduardo Leite (PSDB) e Romeu Zema (Novo).
Do Supremo Tribunal Federal (STF), quem mais apareceu na checagem foram os ministros Luis Roberto Barroso e Marco Aurélio Cunha, duas vezes cada.
Consultada pelo colunista, a Globo não se pronunciou sobre o levantamento.