O presidente Jair Bolsonaro ameaçou trocar o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro para proteger sua família de investigações em curso no órgão. É o que mostra vídeo de reunião ministerial gravada pelo Planalto no último dia 24 de abril, de acordo com pessoas que viram a gravação.
Bolsonaro disse que antes que uma suposta perseguição prejudicasse seus familiares e o surpreendesse, ele mudaria todo o comando da Polícia Federal e até o ministro da Justiça, na época, Sérgio Moro. Por não concordar com a ingerência do chefe na PF, o ex-juiz deixou o cargo três dias depois.
O vídeo do encontro ministerial foi mostrado hoje na PF de Brasília. Sérgio Moro estava lá, com seus advogados, integrantes da Procuradoria Geral da república (PGR), membros do governo federal e da PF.
Segundo investigadores da Polícia Federal, o vídeo inviabiliza arquivamento de inquérito contra Bolsonaro por parte do procurador-geral da República, Augusto Aras. Os fortes indícios de interferência do presidente na PF exigem mais apuração.
A defesa de Sérgio Moro disse que o vídeo mostrou que o ex-ministro não mentiu em depoimento à PF sobre as tentativas de ingerência de Bolsonaro no órgão.
A jornalista da Globo, Andréa Sadi, e o site Antagonista classificaram o vídeo como de efeito “desastroso” para o presidente da república.
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