Alerta Nacional: A Crise Silenciosa do Saneamento e Suas Consequências Para a Saúde

A crise de saneamento no Brasil resultou em 190 mil internações em 2023. A falta de acesso à água potável e esgoto adequado coloca a saúde pública em risco.

Uma torneira de metal enferrujada em primeiro plano, com um fio de água escorrendo, sobre um terreno seco e rachado, com construções ao fundo sob luz do entardecer.
Momento crítico: uma torneira quase seca simboliza a urgência do saneamento e acesso à água.

O cenário do saneamento básico no Brasil, marcado pela insuficiência de serviços adequados, lançou um alerta vermelho sobre a saúde pública. No último ano, foram contabilizadas 191 mil internações por enfermidades oriundas da água não tratada, superando o total de 2022, que foi de 143 mil. Este aumento reflete a dura realidade de 84,2% da população que vive à margem do acesso à água potável, implicando em cerca de 32 milhões de brasileiros sem esse recurso essencial e outros 90 milhões desprovidos de coleta de esgoto.

Luana Pretto, presidente executiva do Instituto Trata Brasil, destaca a gravidade da situação. “A correlação entre as taxas de internação por doenças de veiculação hídrica e o acesso ao saneamento básico é evidente. Com uma taxa de 9,43 internações a cada 10 mil habitantes, o Brasil se depara com um desafio monumental para a saúde pública,” ela analisa.

Hemerson Luz, médico infectologista, reitera a importância do saneamento para a prevenção de doenças. “Infecções intestinais, hepatite A e dengue são apenas algumas das doenças que surgem da negligência com o saneamento básico. A garantia de água potável e condições sanitárias adequadas é fundamental para a proteção da saúde,” ele adverte.

O Painel Saneamento Brasil, plataforma do ITB, revela discrepâncias alarmantes entre os municípios brasileiros. Juazeiro do Norte (CE), por exemplo, tem quase 25% de sua população sem acesso à água limpa, levando a 136 internações por doenças relacionadas e até mesmo uma morte.

A diarreia, como aponta Luana Pretto, representa a maior parte das internações, evidenciando a vulnerabilidade das crianças a essas condições. “A prevenção passa pelo acesso ao saneamento básico, algo completamente viável e necessário,” ela ressalta.

Com o novo marco legal do saneamento aprovado em 2020, espera-se que até 2033, 99% da população brasileira tenha acesso à água potável e ao menos 90% beneficie-se da coleta e tratamento de esgoto. Este é um passo vital na direção de uma saúde pública robusta e de uma nação mais justa e igualitária. A jornada é longa, mas o compromisso com a saúde e o bem-estar da população deve guiar os esforços para transformar esta realidade.

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