A era digital trouxe uma revolução para o gesto altruísta de doar órgãos. Agora, manifestar a vontade de ser doador ficou ainda mais acessível e rápido graças à iniciativa dos Cartórios de Notas do Brasil, que implementaram a Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (AEDO). Este método permite que qualquer pessoa, com apenas alguns cliques, formalize seu desejo de doação através de um processo totalmente online, disponível em todos os 8.344 cartórios do país.
Leandro Corrêa, diretor do Conselho Federal do Colégio Notarial do Brasil (CNB), destaca a importância dessa inovação. Segundo ele, para iniciar o processo, basta acessar o site aedo.org.br e seguir os passos simples para emitir o certificado notarizado e preencher o formulário de solicitação. Uma videoconferência com o tabelião finaliza o processo, garantindo a autenticidade e a oficialidade da vontade do doador.
Além disso, todas as autorizações registradas são inseridas em um sistema eletrônico, facilitando o acesso dos profissionais de saúde no momento crucial, assegurando a vontade do doador falecido. Este avanço tem refletido positivamente nas estatísticas: conforme dados do Ministério da Saúde, houve um aumento de 17% nas doações de órgãos nos primeiros nove meses do ano passado em comparação com 2022, marcando o melhor desempenho da última década com 6.766 transplantes realizados.
Para realizar a autorização eletrônica, os interessados devem acessar o site da AEDO, preencher um formulário digital que será enviado ao cartório escolhido, e agendar uma videoconferência para a finalização do processo. Uma vasta gama de órgãos, incluindo coração, pulmões, rins, e até tecidos como pele e medula, podem ser doados por meio deste procedimento.
A história de Elaine Passos, de Ubatuba (SP), ilustra o impacto profundo da doação de órgãos. Após uma intensa campanha de conscientização iniciada por causa da condição cardíaca grave de sua filha, que foi salva por um transplante de coração, Elaine destaca a importância da divulgação e facilidade de manifestar a vontade de doar órgãos, uma verdadeira expressão de amor que pode salvar vidas.
Com 4.514 cirurgias de transplante renal liderando o ranking, seguidas por fígado e coração, o Brasil avança na promoção de uma cultura de doação de órgãos, apesar de ainda enfrentar o desafio de atender a demanda dos aproximadamente 41 mil pacientes à espera de um transplante. A iniciativa da autorização eletrônica surge, portanto, como um passo significativo para superar esse desafio, mostrando que a tecnologia e a solidariedade podem andar de mãos dadas na luta pela vida.
