Protestos Continuam: Motoristas de Aplicativo e o Impasse na Regulamentação pelo Governo

Motoristas de app protestam contra a regulamentação proposta pela PLP 12/2024, exigindo justiça e diálogo. A mobilização ocorre em todo o Brasil.

Grupo grande de pessoas reunidas em praça pública ao anoitecer, protestando com faixas e cartazes contra legislação de regulamentação, com edifícios icônicos ao fundo sob um céu de transição de laranja para azul profundo.
Motoristas de aplicativos se reúnem em manifestação pacífica, exigindo justiça na regulamentação do trabalho. A determinação e a união marcam o protesto sob o céu crepuscular.

Os motoristas de aplicativos estão em pé de guerra com o projeto de lei PLP 12/2024, uma tentativa de regulamentação do setor que, segundo eles, traz mais problemas do que soluções. Eduardo Lima de Souza, apelidado de “Duda” e presidente da Associação de Motoristas de Aplicativo do Estado de São Paulo (Amasp), não vê com bons olhos a medida, afirmando que, se sancionada, poderá causar danos severos à categoria em pouco tempo. “O projeto, infelizmente, foi concebido de maneira tão falha que abre margem para futuras interferências sindicais indesejadas”, lamenta Duda, reforçando a necessidade de uma legislação que realmente contemple as necessidades dos motoristas.

A insatisfação com a proposta levou à organização de uma paralisação nacional. As manifestações, marcadas por pedidos por um diálogo mais efetivo com o governo, se espalharam por várias cidades brasileiras. Os motoristas buscam alternativas que não os prejudiquem com as novas medidas trabalhistas sugeridas. A proposta, agora, corre contra o tempo, com um prazo de 45 dias para ser discutida no Congresso, sob risco de paralisar a pauta legislativa.

Tomaz Nina, advogado especialista em direito trabalhista, aponta para a complexidade de ajustar a relação de trabalho dos motoristas de aplicativo dentro da estrutura proposta, especialmente pela natureza autônoma de suas atividades. “Imaginar uma regulamentação que restrinja essa liberdade é desconsiderar a essência do trabalho por aplicativos”, argumenta.

A onda de protestos não se limitou a São Paulo. Em Santa Catarina, Allan Puga, líder da associação local, também expressou descontentamento. Em Joinville, ele criticou a falta de benefícios concretos para os motoristas no projeto. Outras regiões do país, incluindo o Rio de Janeiro, Curitiba, Campo Grande, Maceió, e Belo Horizonte, também registraram movimentos similares, evidenciando um mal-estar generalizado com a proposta atual.

Empresas como a Uber e a InDrive também se posicionaram, cada uma a seu modo. Enquanto a Uber apoia o diálogo tripartite que originou a proposta, vendo-a como um marco importante para a regulamentação, a InDrive critica a falta de inclusão de diversas vozes no processo. “As portas foram fechadas para uma negociação mais ampla, marginalizando a voz dos motoristas e de plataformas que atuam a nível regional e nacional”, afirma Leandro Volcov, representante da InDrive.

O Ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, tenta tranquilizar a categoria, assegurando que a autonomia dos trabalhadores está preservada no texto do projeto, que ainda promete transparência e uma remuneração justa. No entanto, enquanto o diálogo não avançar e as preocupações da categoria não forem plenamente endereçadas, os protestos e paralisações parecem destinados a continuar, refletindo a complexidade e os desafios na busca por uma regulamentação justa e eficaz.

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