Clima Chuvoso Compromete Produção Agrícola Brasileira em 2023

Chuvas intensas em 2023 impactaram a agricultura, provocando perdas em soja e milho e aumentando a importação de trigo. Esperanças se voltam para 2024.

Paisagem de uma fazenda vasta sob um céu nublado e tempestuoso, com campos de culturas danificadas evidenciando o impacto das chuvas intensas.
O embate entre natureza e agricultura: campos sob a ameaça de um céu carregado de chuvas em 2023.

O desempenho das lavouras está intrinsecamente ligado ao clima — isso é um fato conhecido por todos, sejam eles pequenos agricultores ou grandes produtores agropecuários espalhados pelo globo. Portanto, não é surpresa que, em 2023, as condições climáticas tenham exercido uma influência significativa na agricultura do Brasil, sobretudo no cultivo de soja e milho. Especificamente no Centro-Oeste, essas culturas sofreram bastante com as precipitações excessivas.

Por outro lado, o Sul do país, um notável produtor de trigo, encarou uma redução drástica de cerca de 40% na sua produção devido às chuvas. Rubens Barbosa, líder da Abitrigo, destaca o quanto os eventos do último ano refletem no cenário atual, levando a uma demanda por importações acima do usual para contornar o desabastecimento. O Brasil, que nos últimos anos atingiu a autossuficiência na produção de trigo, viu-se obrigado a importar o cereal em face das adversidades climáticas.

Contudo, é importante ressaltar que a cultura do trigo está se diversificando e expandindo para outros estados além do Sul, como São Paulo, Mato Grosso, Bahia e até áreas do sul do Ceará e do Piauí. Isso demonstra uma certa compensação às perdas nas regiões tradicionais, segundo Barbosa.

Expectativas para 2024

Apesar dos desafios impostos pelo clima, as expectativas para o próximo ano são de crescimento. Dados recentes do IBGE projetam um aumento de 24,2% na produção de trigo, alcançando 9,6 milhões de toneladas. Por outro lado, a projeção não é tão otimista para a soja e o milho, com uma expectativa de queda na produção dessas culturas, refletindo um impacto geral na produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, que deve ser 4,7% menor que em 2023.

O Papel do Clima

A elevação das chuvas em 2023 teve como um de seus catalisadores o fenômeno El Niño, que aqueceu as águas do Pacífico em cerca de 0,5°C, culminando em um pico de temperaturas e precipitações acima do esperado em novembro. Maytê Coutinho, do Inmet, explica que, embora o El Niño esteja perdendo força, o cenário climático ainda é incerto, com a possível emergência do fenômeno La Niña, que poderia trazer consigo um resfriamento das águas do Pacífico e alterações significativas no padrão de chuvas no país.

Esclarecer, a influência climática é um fator de peso na agricultura, e os eventos recentes servem como um lembrete da importância de estratégias de manejo e adaptação climática nas práticas agrícolas. Enquanto isso, a comunidade agrícola e os especialistas em meteorologia mantêm um olhar atento às tendências climáticas, buscando antecipar e mitigar os impactos em um setor vital para a economia e para a segurança alimentar do país.

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